Eficácia do Canabidiol como adjuvante à toxina botulínica no tratamento de blefarospasmo idiopático de início adulto

Blefarospasmo idiopático de início adulto (BPS), anteriormente conhecido como blefarospasmo essencial benigno, é uma distonia (muscular) focal e isolada que causa um fechamento anormal e eventual das pálpebras. A causa dessa condição é pouco conhecida, mas estudos sugerem que a perda de inibição do sistema nervoso central pode estar envolvida. A terapia de primeira linha para BPS é a injeção periódica de toxina botulínica (popularmente conhecido como Botox) no músculo orbicular das pálpebras ou próximo a ele, a cada 3 ou 4 meses. Apesar da eficácia dessa terapia, muitos pacientes continuam a apresentar sintomas crônicos residuais que são de difícil manejo com os medicamentos sistêmicos ou procedimentos cirúrgicos disponíveis atualmente.

Com a legalização dos canabinoides em muitos países e sua comercialização por empresas licenciadas, seu uso tem ganhado popularidade tanto no público geral quanto na comunidade médica, devido ao amplo espectro terapêutico e seu perfil de baixos efeitos adversos. No entanto, a aplicação de canabinoides no tratamento do BPS ainda não havia sido extensivamente estudada. Estudos anteriores mostraram resultados promissores quanto ao uso de CBD (canabidiol) no BPS.

Portanto, publicou-se no Translational Vision Science & Technology Journal o estudo “Cannabidiol as an Adjunct to Botulinum Toxin in Blepharospasm”: devido à alta concentração de receptores de CBD nos gânglios da base, bem como aos efeitos relaxantes musculares e ansiolíticos do CBD, Silkiss et al. hipotetizaram que pacientes com BPS e sintomas residuais, apesar do tratamento máximo com toxina botulinica, poderiam se beneficiar do uso de CBD, particularmente com dosagem controlada. Isso foi medido usando um método de análise objetiva da cinemática das pálpebras por meio de gravações de vídeo da região periocular, além da escala clínica mais amplamente utilizada, a Escala de Avaliação de Jankovic (JRS).

A aplicação de CBD resultou na redução da duração mediana do fechamento das pálpebras em 15,8% (P = 0,001), mostrando diferenças estatisticamente significativas entre CBD e placebo (P < 0,001), CBD e linha de base (P = 0,001), mas não entre placebo e linha de base (P = 0,36). Pacientes em uso de CBD também apresentaram uma velocidade de fechamento de pálpebra 34% maior (P = 0,001).

Os resultados animadores revelam a redução do tempo de fechamento das pálpebras e aumento da velocidade do evento demonstram uma maior eficiência no fechamento da pálpebra. O uso de CBD como fármaco na terapia atual com toxina botulínica aumentou a eficiência do tratamento, entregando resultados aos profissionais de saúde e aos pacientes.

Resultados como esse vêm sendo cada vez mais comuns na literatura, terapias farmacológicas de igual ou superior eficácia com menos efeitos colaterais. O Canabidiol se mostra como novo composto com grande potencial, que já está se transformando em realidade.