O CDB e a Síndrome de Lennox-Gastaut

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O CDB e a Síndrome de Lennox-Gastaut

Postado em 15/10/2024 por Simples Cannabis
O CDB e a Síndrome de Lennox-Gastaut

A síndrome de Lennox-Gastaut (SLG) é uma forma rara e severa de encefalopatia epiléptica com início precoce na infância. A síndrome geralmente se manifesta até os 8 anos de idade, com a incidência máxima de início entre os 3 e 5 anos. A SLG é caracterizada pela ocorrência de múltiplos tipos de crises, incluindo os chamados ataques de queda (ou seja, quedas súbitas devido a crises epiléticas), atividade lenta de espícula e onda em eletroencefalogramas e comprometimento cognitivo importante. A SLG é tipicamente uma condição ao longo da vida, na qual o fenótipo e a natureza das crises frequentemente variam com a idade. Embora 20-60% dos pacientes com SLG apresentem desenvolvimento cognitivo atrasado no início da doença, 75-95% dos pacientes tornam-se cognitivamente prejudicados com o avanço da idade. Poucos estudos epidemiológicos robustos e populacionais foram realizados sobre a SLG, mas estudos regionais relatam que a SLG representa 1-4% dos casos de epilepsia pediátrica.

Os medicamentos aprovados para a síndrome de Lennox-Gastaut nos EUA e na Europa incluem felbamato, lamotrigina, topiramato, rufinamida, clobazam e clonazepam, que possuem um robusto perfil de efeitos colaterais, sem demonstrar efeitos completamente resolutivos. Logo, apesar das várias opções de tratamento, menos de 10% dos pacientes tornam-se livres de crises com os tratamentos existentes. Em comparação com os medicamentos antiepilépticos aprovados, o canabidiol (CBD) é estruturalmente único e possui mecanismos de ação multimodais potencialmente inovadores. Dados pré-clínicos mostraram que o canabidiol tem atividade contra crises em modelos in vitro e in vivo. Havendo comprovação de que o canabidiol pode ser seguro e eficaz em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos, como Síndrome de Dravet e a própria SLG.

O estudo Cannabidiol in patients with seizures associated with Lennox-Gastaut syndrome (publicado por The Lancet) foi projetado para avaliar a eficácia e a segurança do canabidiol comparado com placebo como terapia complementar aos medicamentos antiepilépticos existentes para o tratamento das crises associadas à síndrome de Lennox-Gastaut em crianças e adultos. Realizou-se um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, multicêntrico, controlado por placebo, de fase 3. Após um período de triagem de 4 semanas, os pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut que eram elegíveis para o estudo foram aleatoriamente designados para receber uma formulação farmacêutica de canabidiol purificado na dosagem de 20 mg/kg de peso corporal por dia (grupo CBD) ou uma solução de placebo correspondente, além dos medicamentos já utilizados no tratamento da SLG. Todos os pacientes receberam tratamento por 14 semanas, que incluiu 2 semanas de escalonamento de dose, seguida por 12 semanas de dosagem estável e um período de redução de dose de até 10 dias e um período de acompanhamento de segurança de 4 semanas.

Quando comparado estatisticamente para desfecho primário a diferença mediana estimada entre os grupos de tratamento foi de −17,21 (IC 95% −30,32 a −4,09; p=0,0135) durante o período de tratamento de 14 semanas e −19,45 (−33,05 a −4,68; p=0,0096) durante o período de manutenção de 12 semanas. 38 de 86 pacientes no grupo de canabidiol tiveram uma redução na frequência de crises de queda de 50% ou mais em relação ao ponto de partida durante o período de tratamento, comparado com 20 dos 85 pacientes no grupo placebo (OR 2,57, IC 95% 1,33–4,97; p=0,0043).

Nenhum dos pacientes estava livre de crises de queda durante todo o período de tratamento de 14 semanas, mas três pacientes no grupo de canabidiol que completaram o tratamento estavam sem crises de queda durante o período de manutenção de 12 semanas. A diferença mediana estimada foi de –21,1 (IC 95% −33,3 a −9,4; p=0,0005) durante o período de tratamento e –23,3 (IC 95% –36,3 a –10,5; p=0,0004) durante o período de manutenção de 12 semanas.

Ainda que tenhamos resultados animadores, o canabidiol foi usado como terapia complementar aos medicamentos antiepilépticos convencionais, com a maioria dos pacientes fazendo uso de múltiplas medicações, portanto, o potencial para interações medicamentosas e o efeito subsequente na segurança e eficácia devem ser explorados mais a fundo. Em particular, as potenciais interações com valproato e clobazam requerem investigação adicional, dado seus perfis farmacológicos.

Atualmente os perfis de estudos analisando o uso de canabidiol no tratamento de síndromes epiléticas resistentes ao tratamento têm sido robustos. Desponta-se a segurança do CBD e seus poucos efeitos colaterais, que adjuntos à nova eficiência, trazem um valor muito grande à otimização do tratamento das patologias associadas.

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